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Eustaquio Rezende

Depoimento de
Eustaquio Rezende

Determinação, honestidade e vontade de trabalhar são palavras de ordem na vida de Eustáquio Alves Rezende, mineiro bom de papo e de serviço. Dono de um jeito sereno, Eustáquio cumprimenta os clientes na porta do Home Center Rezende, conversa com os funcionários de forma horizontal e celebra as amizades que fez no ramo empresarial no decorrer de sua trajetória em Brasília. “O sonho de Dom Bosco, concretizado por Juscelino, trouxe esperança para muita gente. Uma esperança muito grande de chegar aqui e conseguir sobreviver ou melhorar de vida”, observa o empresário.

Nascido em 28 de novembro de 1944, em Esmeralda, Minas Gerais, Eustáquio Rezende mudou-se para Goiânia com a família em 1951, onde todos permaneceram até 1957. O destino seguinte seria a região onde estava sendo erguida a nova capital da República. Com uma carência de funcionários para dar conta da enorme demanda, o pai de Eustáquio foi requisitado como mestre de obras e a família passou a morar em um barraco coberto com saco de cimento vazio. Trabalhador, Eustáquio passou a juventude engraxando sapatos e vendendo doces e bolos nos canteiros ao lado da mãe. Em 1963, ano em que o seu pai morreu, surgiu a oportunidade de trabalhar com material de construção. Cinco anos depois viria a chance de abrir seu próprio negócio.

O Home Center Rezende como conhecemos hoje foi fundado como Depósito Rezende, na Quadra 7 de Sobradinho, em 1° de agosto de 1968. Um negócio familiar, tocado por quatro irmãos, começou tímido, com poucos materiais e um pequeno time de funcionários. Com muito esforço e dedicação, a empresa cresceu e na década seguinte foram inauguradas duas filiais, sendo uma na BR 020 (entrada de Sobradinho), e outra em Planaltina. Ao lado do irmão Edson, Eustáquio soube driblar as oscilações econômicas e os dois se mantiveram firmes. Na década de 1980, deixaram de lado a palavra “depósito” do nome e passaram a adotar Rezende Materiais de Construção. Atualmente, além da mega store de Sobradinho, a marca tem mais três pontos de venda: Setor de Indústrias e Abastecimento, Planaltina e Posse (Goiás).

Sobradinho foi o marco zero da Rezende não por acaso. As raízes da família estão fincadas ali, região para onde eles foram realocados em função da extinção da Vila Amaury, local que foi alagado e cedeu espaço para a imensidão do Lago Paranoá. Foi na cidade que Eustáquio conheceu a esposa e criou os cinco filhos. Foi lá também que sua mãe, Maria das Dores Alves Ferreira Rezende, fundou uma escola, o Centro de Ensino Santa Rita de Cássia, que atualmente conta com mais de mil alunos. “Devo tudo à minha mãe, que sempre foi muito corajosa e determinada. Ela tinha o sonho de alfabetizar e com o pulso firme criou oito filhos e abriu uma escola bastante valorizada na cidade”, emociona-se, ao se lembrar dos frutos colhidos pela mãe. Sua obstinação Eustáquio tenta passar para três dos seus cinco filhos, que hoje estão ao seu lado no negócio, e também para quem lhe pede dicas sobre as principais características necessárias para começar a empreender. “A primeira coisa que tem que ter é determinação, honestidade e vontade de trabalhar. São fundamentais para se montar um negócio. Honestidade principalmente”, enumera.

Tornar-se uma das empresas de referência na área foi uma tarefa construída ano após ano nessas últimas cinco décadas. Com uma boa relação com o mercado, Eustáquio Rezende crê na política da boa vizinhança como um propulsor desse crescimento. “Temos uma boa relação com os nossos concorrentes. É um relacionamento de muita amizade e não de concorrência. É um relacionamento de integração mesmo, onde só se soma”, analisa o empresário, que hoje tem nas suas lojas cerca de 250 funcionários. Esse sentimento de camaradagem narrado por Eustáquio Rezende não é recente. No começo de tudo, quando Brasília era um enorme canteiro e chegavam pessoas do Brasil inteiro para trabalhar na construção ou em serviços paralelos, ajudar um ao outro era a melhor forma de sobreviver às dificuldades do período. “Naquela época havia especialmente uma parte de troca de mercadorias, existia esse intercâmbio de materiais, todo mundo se ajudava”, relembra o negociante que chegou a fornecer para as obras do Hospital de Base, Hospital das Forças Armadas, ministérios e se admira ao ver hoje todos esses edifícios em pleno funcionamento, sendo parte da cadeia de trabalho dessas construções.

Admirador de Brasília por ser a concretização dos planos de Juscelino e de tantos pioneiros que optaram por viver nessas terras, Eustáquio se lembra de como o projeto da capital era visto inicialmente com pessimismo por algumas pessoas. “Muitos pregavam que Brasília não seria inaugurada em 1960. Mas foi e todas as obras iniciadas naquela época foram concluídas. A cidade foi tomando forma e aí foram acreditando mais em Brasília e verificando que Brasília não era uma promessa, era uma realidade mesmo”, recorda-se. Ao fazer uma análise sobre o plano de ação “50 anos em 5”, lema de Juscelino Kubitschek para desenvolver a nova capital, Eustáquio acredita que não se tratou somente da construção de uma cidade, mas da evolução de todo o país. Conterrâneo de Juscelino, o empresário encontrou o presidente diversas vezes enquanto ele visitava obras e lembra com carinho dos momentos em que esteve com o político. “Eu acho que ele foi desbravador, muito corajoso e bastante competente”, elogia o mineiro, que facilmente poderia ganhar essas mesmas qualidades que ele dedica a Juscelino Kubistchek, pela sua brava trajetória como pioneiro e como alguém que rapidamente se tornou brasiliense de corpo, alma e coração.

Eustaquio Rezende